Como lidar com a dificuldade de aprendizagem? Veja de que forma a escola pode ajudar!
Dia a Dia na Escola5 de setembro de 2020
Redação Guia do Futuro
Equipe apaixonada por educação, produzindo conteúdos voltados para pais que querem fazer a diferença na formação dos filhos!Publicado em . | Atualizado em 16 de novembro de 2020.
Cada criança tem a sua forma de aprendizado, influenciada pelo seu histórico, sua rotina, seu tipo de inteligência, sua vida escolar e suas relações sociais e familiares. Todos esses aspectos podem interferir e gerar a chamada dificuldade de aprendizagem.
Com isso em mente, é importante reconhecer que a infância e a adolescência são as fases em que o ser humano mais aprende. As descobertas em relação ao convívio em sociedade e aquelas particulares, que envolvem o próprio corpo, são enormes e influenciam tremendamente a construção do indivíduo, delineando o adulto que ele será.
Nesse contexto, a escola tem um papel fundamental. Afinal, quando um aluno demonstra não conseguir acompanhar o ritmo da sala de aula ou não realiza a maior parte das atividades solicitadas, o professor e o grupo pedagógico podem inferir que estão diante de uma situação que demanda cuidado.
É pensando nisso que trouxemos este conteúdo. Aqui, você compreenderá melhor o que é dificuldade de aprendizagem, o que é distúrbio de aprendizagem e quais são os seus tipos mais comuns. Além disso, você encontrará formas de lidar com essas adversidades e verá como a escola pode ser uma grande aliada na solução desses problemas. Boa leitura!
O que é aprendizagem escolar?
A sala de aula é um dos lugares mais produtivos tanto para crianças quanto para adolescentes. É nesse local que o aluno desenvolverá, de forma orientada, a sua aprendizagem escolar, descobrirá tendências profissionais e trabalhará a própria visão de mundo de maneira heterogênea, por meio dos projetos em grupo e do contato com diferentes formas de perceber a realidade.
Nesse contexto e considerando a teoria de Piaget, o conhecimento é construído de modo ativo, e as crianças têm um papel fundamental nisso. Para o biólogo, a aprendizagem só será efetiva quando promover alguma mudança, seja por meio de fatores emocionais, ambientais, relacionais ou neurológicos.
A escola é tida como um espaço de ressignificação. Isso quer dizer que, por meio daquilo que já é uma realidade para o estudante, é possível pensar novas conexões, que vão auxiliar no desenvolvimento de habilidades e competências.
É por isso que um dos papéis do professor é elaborar atividades desafiadoras, que provoquem seus alunos e os retirem da zona de conforto, levando-os ao processo de construção do saber.
O que é dificuldade de aprendizagem?
Aprendizagem é o resultado da estimulação entre o meio ambiente e o aluno. Essa relação promove alterações no seu modo de enxergar e lidar com diversos fatores e experiências da vida. Esse processo complexo é influenciado por questões tanto emocionais quanto sociais.
Se algum estudante apresenta uma barreira em sua aprendizagem, possivelmente, sua situação deve ser trabalhada pelos professores e pelo corpo pedagógico da escola.
As causas da dificuldade de aprendizagem podem estar associadas a diversos fatores, como a metodologia adotada, as estratégias pedagógicas, alguma barreira cultural, o contexto social da vida do discente ou, inclusive, a alimentação.
Portanto, é preciso que haja um trabalho conjunto entre pedagogos, pais e professores para que o aluno, futuramente, não sofra com a defasagem de conteúdos ou, mesmo, de experiências.
É importante destacar que a dificuldade de aprendizagem não significa que o aluno tenha um baixo QI, mas apenas que, no momento, ele está se desenvolvendo abaixo da capacidade esperada para a sua etapa. Isso, devido a algum fator que, após identificado, pode ser superado.
O que é um distúrbio de aprendizagem?
Os distúrbios de aprendizagem, por sua vez, referem-se a problemas durante o processo cognitivo que não estão propriamente relacionados a determinadas abordagens educativas. Ou seja, mesmo após tentativas variadas de familiares, professores e pedagogos, o aluno continua a apresentar uma evolução abaixo da média.
Nesse caso, é necessário realizar uma investigação mais cautelosa, que determinará qual é a causa do baixo desenvolvimento cognitivo. Geralmente, esses tipos de dificuldade de aprendizagem podem estar associadas a disfunções neurológicas, que comprometem o funcionamento de determinadas áreas cerebrais.
No entanto, não podemos incluir apenas causas neurológicas nessa questão. Afinal, depressão, ansiedade, crises de pânico, problemas de atenção ou conflitos familiares podem estar relacionados aos distúrbios de aprendizagem.
Quais são os principais distúrbios de aprendizagem?
Para entendermos esse assunto com mais profundidade, veja, abaixo, alguns distúrbios de aprendizagem, seus sintomas e tratamentos.
Dislexia
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, a dislexia é caracterizada “por uma dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração”.
É possível identificá-la a partir de alguns sinais, como dispersão, atraso no desenvolvimento da fala, leitura e coordenação motora, dificuldade em jogar quebra-cabeças e falta de interesse por livros impressos.
Além disso, na escola, alguns sinais ficam mais evidentes, pois o aluno demonstrará dificuldades para trabalhar a escrita e a leitura e em copiar tanto de livros quanto das matérias descritas na lousa. Ainda, terá problemas para compreender a manusear mapas ou dicionários.
É muito importante estar ciente de que, além desses sinais, existem vários outros, e o diagnóstico completo só poderá ser feito a partir de consultas com especialistas, por meio de avaliações multidisciplinares, audiometria, treinamento auditivo em cabine e exame neurológico.
O interessante é que muitos desses distúrbios de aprendizagem também estão representados na ficção e demonstram-nos novas percepções sobre o assunto. Um filme que retrata muito bem essa problemática, de modo informativo e, ao mesmo tempo, humano, é “Como estrelas na terra”.
Nele, podemos conhecer a trajetória do jovem Ishaan e do professor Nikumbh e a autoconstrução de ambos para superar seus limites e lidar com a dislexia.
Disgrafia
A escrita pede, além de uma boa percepção auditiva e de uma memória sequencial, um bom processamento motor. A disgrafia é um distúrbio que se revela justamente por meio da habilidade motora.
Nesse caso, o aluno apresenta uma escrita mal elaborada e, por isso, tem muita dificuldade em registrar letras e números. Como esse é um problema relacionado à coordenação motora, é preciso que haja uma intervenção de professores e terapeutas para estimular o aluno na direção necessária.
Sendo assim, é importante que todos os envolvidos nesse trabalho criem uma relação de cumplicidade e confiança com o estudante, de modo que ele se sinta seguro e acredite que poderá ter um bom desenvolvimento. Afinal, esse será um processo difícil, que envolverá, inclusive, a sua autoestima.
Disortografia
Muitas pessoas confundem a disgrafia com a disortografia; no entanto, elas têm suas particularidades.
Como já afirmado, a escrita envolve capacidades motoras, percepção auditiva e uma memória sequencial. É neste ponto que a disortografia diferencia-se, pois está relacionada à estruturação e organização na produção dos textos escritos.
Geralmente, crianças com esse problema apresentam um vocabulário pobre e erros ortográficos frequentes. Além disso, algumas sinalizações gráficas, como travessão, aspas, parágrafos e acentuação, para ele, passarão despercebidas.
Ainda, o aluno que apresenta sinais de disortografia, possivelmente, sentirá pouca vontade de escrever. Isso, porque esse é um processo extremamente complexo para ele. Como consequência, seus textos tenderão a ser concisos.
Dislalia
Desde pequenos, somos apresentados a algumas leituras, como os quadrinhos do cartunista Maurício de Souza. Neles, encontramos figuras famosas, como a Mônica, a Magali, o Cascão e o Cebolinha.
Você consegue se lembrar de como as falas deste último personagem são reproduzidas nos quadrinhos? Em vez de “querido”, ele dizia “quelido”; em vez de “brinquedo”, ele dizia “blinquedo”.
Essa é uma característica da dislalia, muito comum em crianças abaixo dos 4 anos, que ainda estão aprendendo a falar. Depois dessa idade, porém, se essa situação persistir, é importante buscar a ajuda de um profissional.
Dislalia é um distúrbio na fala, isto é, a criança apresenta dificuldades em reproduzir os sons de algumas palavras. Geralmente, ocorrem a troca do “R” pelo “L”, a omissão ou acréscimo de fonemas ou a distorção de determinados fonemas.
Após o diagnóstico, poderá ser definido o melhor tratamento para o indivíduo. Geralmente, será indicado que se façam consultas periódicas a um fonoaudiólogo, para desenvolver técnicas que corrigem falhas na fala e melhoram suas percepções dos sons, construindo a sua habilidade de elaborar frases mais trabalhadas.
Discalculia
Muitas crianças têm dificuldade de aprendizagem com matemática, correto? Quando o problema torna-se mais sério, ele pode ser classificado como discalculia ou cegueira numérica. Essa é uma deficiência específica na retenção de conhecimentos relacionados à matemática.
As crianças com esse quadro têm muita dificuldade em resolver cálculos ou compreender conceitos relacionados a essa disciplina, como funções e símbolos. E é preciso notar que isso não se restringe à escola, estendendo-se, também, a pequenas questões diárias, como somar ou subtrair o troco de um estabelecimento comercial.
Alguns profissionais podem ajudar no diagnóstico. O psicólogo, por exemplo, além de fazer os testes para avaliar a criança, observará o histórico familiar. Assim, ele poderá elaborar uma orientação mais certeira para o tratamento.
Dessa forma, será possível realizar um acompanhamento especial na escola e os pais poderão ser direcionados a realizar atividades em casa para garantir novos aprendizados.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) caracteriza o TDAH como um transtorno neurobiológico, que pode ocorrer por causas genéticas, que aparecem desde a infância e, geralmente, acompanham o indivíduo por toda a sua vida. Os sintomas são desatenção, inquietude e impulsividade.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas detectadas com TDAH recebem, na escola, um tratamento diferenciado, pois são protegidos por lei. A ABDA afirma que esse transtorno ocorre em cerca de 3% a 5% da população mundial. Apesar de haver estudos científicos que comprovam a existência do problema, por desinformação, muitas pessoas acreditam que o TDAH não existe.
São dois os seus sintomas principais: a desatenção e a hiperatividade. De acordo com o médico Drauzio Varella, o tratamento varia conforme o caso e se há ou não outras doenças associadas. No entanto, a psicoterapia é indispensável. Além disso, algumas crianças podem exigir cuidados de uma equipe multidisciplinar e/ou acompanhamento por meio de medicamentos.
Como diagnosticar os distúrbios de aprendizagem?
A percepção inicial provavelmente será feita por pessoas que convivem com a criança, como um familiar ou professor. Então, o aluno poderá ser encaminhado para um psicoterapeuta, que auxiliará a família e a escola a identificar qual é o profissional adequado para lidar com o problema, seja motor, fonológico ou psicológico.
Outra possibilidade é a realização de alguns exames neurológicos. Afinal de contas, os portadores de distúrbios de aprendizagem têm que lidar com problemas que podem envolver sinapses neurais.
Isso não torna o aluno incapaz de realizar suas funções, apenas indica que ele precisa de um acompanhamento mais próximo para desempenhar seu papel com eficiência.
Qual é a importância de um trabalho multidisciplinar?
O trabalho multidisciplinar é fundamental para o sucesso da criança. Após o diagnóstico, provavelmente, os profissionais envolvidos realizarão diferentes abordagens até encontrar uma forma efetiva de desenvolver o estudante em suas principais dificuldades de aprendizagem. Alguns exemplos são:
- atividades motoras;
- conversas motivadoras;
- foco nas forças e habilidades do aluno;
- foco no desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais da criança;
- planejamentos futuros que envolvem não só a perspectiva da criança, como a dos pais.
Qual é a importância do relacionamento entre família e escola?
No contexto dos distúrbios de aprendizagem, tanto a família como a escola são responsáveis pelo desenvolvimento das habilidades sociais, comportamentais, cognitivas e motoras das crianças.
É por isso que o trabalho deve ser conjunto, por meio de um diálogo transparente e rico entre as partes e com atividades extracurriculares para fortalecer o aprendizado do aluno.
Além disso, é importante que ambas as instituições não limitem ou desacreditem a criança. O melhor é trabalhar sua autoestima e a capacidade de acreditar em si mesma e realizar o conjunto de estímulos didáticos programados com carinho e atenção.
Diante de qualquer sinal de resistência e dificuldade da criança, tanto os professores como os familiares devem ter um olhar cuidadoso. Sendo algum problema mais leve, quanto mais cedo for diagnosticado, mais rápido poderá ser o tratamento.
Como a escola pode lidar com a dificuldade de aprendizagem dos alunos?
À escola, não cabe apenas trabalhar com a criança e traçar estratégias de ensino. É preciso realizar a conscientização dos colegas para evitar problemas sérios, como o bullying. Sendo assim, toda a comunidade escolar deverá envolver-se positivamente na tarefa e auxiliar na inclusão do aluno na instituição.
Esse será um processo novo tanto para a criança quanto para os seus coleguinhas. Por isso, é fundamental que todos passem a observar a nova situação reconhecendo a diferença do outro como uma possibilidade de crescimento e de aprendizagem para todos. Com base nessa percepção, será possível respeitar cada um sem promover preconceito ou juízo de valor em torno de suas condições.
Além disso, é importante que a instituição tenha, em seu quadro, profissionais com uma formação específica para lidar com alunos que apresentem condições especiais. É dessa maneira que o trabalho será completo e satisfatório para todos: crianças, familiares, professores e pedagogos.
A dificuldade de aprendizagem já deixou de ser um tabu para a educação. Assim, pessoas com distúrbios não são mais vistas como incapazes. Afinal, além de ter seus próprios desejos e potencialidades, para o coletivo, elas demonstram a possibilidade de novas experiências e da convivência com o diverso!
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