Henri Wallon – A importância de ensinar com afeto

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14 de julho de 2022

Redação Guia do Futuro
Redação Guia do Futuro

Equipe apaixonada por educação, produzindo conteúdos voltados para pais que querem fazer a diferença na formação dos filhos!Publicado em . | Atualizado em 20 de julho de 2022.


Conheça mais sobre a teoria da aprendizagem de Henri Wallon, psicólogo francês que teve grande influência na educação infantil.

Henri Wallon foi um estudioso que se dedicou ao entendimento do psiquismo humano, seus mecanismos e relações. Por isso seu interesse pelo desenvolvimento infantil, já que na infância se localiza a origem da maior parte dos processos cognitivos.

Ele participou ativamente de debates em torno do tema educação, inovando ao colocar a afetividade como um dos aspectos centrais do desenvolvimento. Defendia que as emoções ocupam um espaço na construção do conhecimento tão importante quanto às metodologias de ensino.

A afetividade se faz presente na condução sutil que incentiva a empatia e a curiosidade, sendo capaz de fazer a criança avançar em suas hipóteses no processo de aprendizagem. Nesse sentido, razão e emoção andam juntas, visto que uma não acontece sem a outra.

Aqui no Guia do Futuro abordamos diversos tipos de metodologias de ensino e a história de grandes pensadores da educação. Hoje convidamos você a conhecer um pouco mais sobre o francês Henri Wallon.

Uma vida que uniu ciência e educação

Henri Paul Hyacinthe Wallon nasceu em 15 de junho de 1879, em Paris, filho de Paul Alexandre Joseph e neto do político francês Henri-Alexandre Wallon. Foi um filósofo, médico e psicólogo que se tornou conhecido por seu trabalho científico sobre o desenvolvimento infantil.

Ao longo de sua vida foi sempre muito evidente sua aproximação com a educação. Aos 23 anos, em 1902, formou-se em Filosofia pela Escola Normal Superior. Depois formou-se em Medicina, trabalhando intensivamente com crianças portadoras de deficiência mental. Em 1914 serviu como médico no Exército francês, na frente de combate. O contato com as lesões cerebrais sofridas por soldados o levaram a repensar os postulados neurológicos desenvolvidos no atendimento infantil.

Entre 1920 e 1937, foi encarregado de conferências sobre a psicologia da criança na Universidade de Sorbonne e em outras instituições de ensino superior, chegando a visitar o Brasil no ano de 1935. Exerceu a função de médico em hospitais psiquiátricos, enquanto consolidava paralelamente seu interesse pelo desenvolvimento infantil.

Além de psicólogo, também foi um grande político. Colocou suas ideias de educador a serviço da reformulação do ensino francês criando, junto com o físico Paul Langevin, um projeto que entrou para a história com o nome Plano Langevin-Wallon.

Ele faleceu na cidade de Paris em dezembro de 1962, aos 83 anos, deixando uma rica herança teórica para a compreensão do desenvolvimento das crianças.

Uma teoria de aprendizagem e afeto

A grande importância de Wallon para a educação se dá pelas ideias que sua teoria traz, permitindo aos educadores compreender melhor cada fase de desenvolvimento que as crianças passam e o papel fundamental da afetividade em todos os momentos.

Nessa lógica, o desenvolvimento do pensamento infantil não ocorre de forma contínua. Conflitos e contradições fazem parte da evolução psíquica normal da criança, não sendo necessariamente problemas a serem combatidos pelos educadores.

Wallon identificou que a criança precisa do convívio social com adultos e outras crianças para experimentar relações diferentes de tudo que vive na família. Afinal, é importante aprender a lidar com situações de aceitação, trabalho em grupo, superações de conflitos e frustrações.

O amadurecimento completo só se torna possível através da integração das três dimensões psíquicas: a motora, a afetiva e a cognitiva. Isso exige uma conexão entre o corpo, o ambiente e o meio social em que a criança vive. Chegamos então à afetividade, que está presente de forma indispensável em todos os estágios do desenvolvimento humano.

Os 5 estágios de desenvolvimento de Wallon

O primeiro é o “Impulsivo Emocional”, que compreende o primeiro ano de vida, onde a criança expressa sua afetividade através de movimentos desordenados. É um estágio predominantemente afetivo, onde as emoções são o principal instrumento de interação com o meio.

O segundo estágio é o “Sensório-Motor e Projetivo”, vivido no período entre 1 e 3 anos, quando a criança já evolui a coordenação para manipular objetos. Nesse período se desenvolvem atividades simbólicas e a linguagem, sendo que os pensamentos normalmente se projetam em atos motores.

O terceiro, chamado de “Estágio do Personalismo”, é vivido dos 3 aos 6 anos. Aqui acontece o desenvolvimento da consciência de si mesmo. Nesse período voltado para a construção da personalidade, a criança se apropria de expressões importantes como: eu, meu e não.

O quarto se chama “Estágio Categorial”, sendo vivido entre os 6 e 11 anos. Agora a criança já tem condições de realizar atividades de agrupamento e classificação em vários níveis. É um período de acentuada predominância da inteligência sobre as emoções, gerando o desenvolvimento das capacidades de memória e atenção voluntárias. O poder de abstração da mente é consideravelmente amplificado, possibilitando que o raciocínio simbólico se consolide como ferramenta cognitiva.

O quinto estágio é a “Puberdade e Adolescência”, tendo início por volta dos 11 anos com as grandes transformações físicas e psicológicas. Nesse período, o jovem começa a buscar sua autonomia usando processos de autoafirmação, questionamento e apoio a seus pares em oposição ao mundo adulto.

Os 4 elementos funcionais

Segundo a psicologia de Henri Wallon, a cognição está fundamentada em quatro campos funcionais: afetividade, movimento, inteligência e pessoa. Agora vamos entender um pouco mais sobre essas categorias.

A “afetividade” é a primeira forma de interação com o meio ambiente. Ela é a primeira motivação do movimento e também a forma de interação com o meio ambiente. Por isso as emoções são tão importantes e formam a base do desenvolvimento do terceiro campo funcional: a inteligência.

O “movimento” pode ser dividido em duas categorias: movimentos instrumentais e movimentos expressivos. Os instrumentais são ações executadas para alcançar um objetivo imediato (pegar um objeto), já os expressivos têm uma função comunicativa (dizer algo para alguém). Wallon dá especial ênfase ao movimento por sua grande importância na atividade de estruturação do pensamento no período anterior à aquisição da linguagem.

O elemento chamado “inteligência” tem um significado bem específico, estando diretamente relacionado com duas importantes atividades cognitivas humanas: o raciocínio e a linguagem. Conforme a criança vai aprendendo a pensar nas coisas fora de sua presença, o raciocínio simbólico e o poder de abstração vão sendo desenvolvidos e potencializados pelas habilidades linguísticas.

Dentro da psicologia de Henri Wallon, o nome de “pessoa” é o campo funcional que coordena os demais. Seria também responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade do eu.

As relações entre os elementos não são harmônicas o tempo todo, de modo que constantemente surgem conflitos entre eles. A pessoa cumpre um papel integrador importante, mas não absoluto. A cognição se desenvolve de maneira dialética, em um constante processo de tese, antítese e síntese entre os campos funcionais.

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