Quem foi Lev Vygotsky?

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23 de fevereiro de 2022

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Publicado em . | Atualizado em 23 de fevereiro de 2022.


Conheça o pensador que mostrou a força das interações sociais no desenvolvimento das crianças.

A teoria de aprendizagem de Vygotsky foi pioneira no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das conexões sociais e condições de vida. O que fez essa ideia se tornar tão impactante foi sua capacidade de romper com o pensamento instituído na época.

Apesar de ter sido descoberto pelos acadêmicos ocidentais muitos anos após sua morte, a influência de Vygotsky foi profunda no sentido de mudar a percepção do papel do aluno no processo da aprendizagem. São inegáveis as contribuições desse pensamento nas instituições de educação no Brasil e no mundo, deixando um caminho importante de pesquisa sobre o desenvolvimento infantil.

Aqui no Guia do Futuro já apresentamos as teorias de outros educadores marcantes como Piaget e Montessori. Chegou a hora de conhecermos um pouco da vida e das ideias de Vygotsky. Vamos embarcar juntos nessa viagem que começa lá no final do século XIX.

Uma vida dedicada ao conhecimento

Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em 1896, numa região então dominada pela Rússia e que hoje é parte da Bielorrúsia. Seus pais eram de uma família judaica culta e com boas condições econômicas, possibilitando uma formação sólida com o auxílio de tutores particulares.

Desde muito cedo ele se interessou por diferentes áreas do conhecimento. Organizava grupos de estudos, aprendeu vários idiomas e também gostava de literatura, poesia e teatro. Ingressou na Universidade de Moscou para fazer o curso de Direito. Também estudou Medicina com o objetivo de compreender mais sobre os distúrbios de aprendizagem e de linguagem.

Seu interesse simultâneo pelas funções mentais superiores, cultura, linguagem e processos orgânicos cerebrais encontram-se reunidos na obra “A Formação Social da Mente”, onde aborda os problemas da gênese dos processos psicológicos humanos.

Lecionou literatura e história da arte, além de ter fundado um laboratório de psicologia. Unindo uma cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e intensa atividade, produziu mais de 200 trabalhos científicos mesmo tendo a qualidade de vida dificultada pela tuberculose, que terminou por causar sua morte em 1934.

A importância da linguagem

A linguagem é uma espécie de ferramenta, capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa atividade e a organização das funções psicológicas superiores como memória, atenção e pensamento. Assim, conforme a criança se apropria da cultura em que está inserida, isso altera seu modo de pensar e de perceber o mundo.

Por isso a linguagem assume uma posição central na teoria de Vygotsky. Uma vez que o seu desenvolvimento implica a evolução do pensar, podemos dizer que é pelas palavras que o pensamento ganha existência.

Assim as funções psicológicas superiores, ou seja, ações de inteligência como refletir, organizar, categorizar e generalizar são construídas ao longo da história de interações sociais de cada pessoa. Desta forma, a teoria de aprendizagem de Vygotsky ganhou o nome de socioconstrutivismo.

Através dos outros, nos tornamos nós mesmos

Quando o contexto social se torna fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança, o papel do professor é guiar e fornecer as ferramentas adequadas para sua evolução. Ou seja, conduzir o aluno até a aquisição do conhecimento.

Na lógica do socioconstrutivismo, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter sempre a participação de um adulto. Depois que internaliza o conhecimento, ela se apropria dele e o torna voluntário, chegando na fase de autonomia onde consegue fazer sozinha.

É evidente que não se adquire conhecimento apenas com os educadores. Na perspectiva da teoria sociocultural desenvolvida por Vygotsky, a aprendizagem é uma atividade conjunta, por isso as relações colaborativas entre alunos podem e devem ter espaço.

O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que a criança ainda não é capaz de fazer sozinha, porque a experiência de tentar aprender vai estimular a evolução cognitiva necessária. Essa lógica reflete um de seus principais conceitos: a zona de desenvolvimento proximal (também conhecida pela sigla ZDP) que vamos entender juntos agora.

Zona de Desenvolvimento Proximal

Na teoria de aprendizagem de Vygotsky, o desenvolvimento da criança está diretamente relacionado à sua socialização. Sendo assim, ele categorizou esse processo em três níveis.

1. Zona de Desenvolvimento Real:
São as etapas já alcançadas pela criança e que permitem que ela solucione problemas de forma independente.

2. Zona de Desenvolvimento Potencial:
É a capacidade que a criança tem de desempenhar tarefas desde que seja ajudada por adultos ou companheiros mais capazes.

3. Zona de Desenvolvimento Proximal:
É a distância entre as zonas de desenvolvimento real e potencial. Ou seja, é o caminho a ser percorrido até o amadurecimento e a consolidação de funções.

Explicando de uma forma bem simples, a zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar o melhor percurso de cada aluno para realizar o seu potencial é a principal habilidade que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.

A Zona de Desenvolvimento Proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais quando oferecemos o suporte educacional devido. O professor interfere de forma objetiva, intencional e direta na ZDP. O aluno é aquele que aprende, a partir da interação social, os valores, a linguagem e o conhecimento do seu grupo.

A criança deve ser considerada sempre ativa no processo de construção do conhecimento. O educador é o suporte para que a aprendizagem seja satisfatória. Por isso, a relação entre professor e estudante precisa ser de cooperação, respeito e crescimento, não de imposição.

Antes mesmo de frequentar a escola, a criança desenvolve seu potencial e adquire conhecimento a partir das trocas estabelecidas na convivência familiar. Quando vai para o ambiente escolar, ela entra em um novo mundo e sai da zona de desenvolvimento real para, com auxílio do professor, atingir outro patamar de desenvolvimento potencial.

A cultura ao redor da criança é uma das principais influências nesse processo. Pela interação social, cada pessoa aprende, se desenvolve e cria formas de agir no mundo, ampliando de forma contínua suas capacidades.

A ideia de um desenvolvimento que cresce conforme o aprendizado não significa, porém, que se deve apresentar sem critério uma quantidade enorme de conteúdos aos alunos. Para Vygotsky, o mais importante é oferecer conhecimento sempre considerando as condições de absorção das crianças. Pensando assim, o papel de cada professor é encontrar a medida exata, sem exagero e nem falta, para gerar o melhor estímulo no aprendizado.

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