Quais são os diferentes tipos de escolas e como escolher a ideal?
Família e Escola6 de janeiro de 2021
Redação Guia do Futuro
Equipe apaixonada por educação, produzindo conteúdos voltados para pais que querem fazer a diferença na formação dos filhos!Publicado em . | Atualizado em 6 de janeiro de 2021.
Escolher a primeira escola de um filho pode ser um momento delicado e um passo difícil para uma família. Não apenas por nós, mães e pais, desejarmos o melhor para nossas crianças, mas também pelos diferentes tipos de escolas e pela riqueza de métodos pedagógicos disponíveis.
Em termos gerais, não há um método melhor do que o outro, pois o desenvolvimento adequado e saudável de uma criança não depende apenas da pedagogia aplicada. Isso depende também da subjetividade da criança. É dizer, cada ser humano tem uma forma única e sutil de se relacionar e compreender o mundo.
Portanto, na hora de escolher uma escola para seu filho, é fundamental que você tenha em mente quais são os métodos pedagógicos de ensino e a qual deles sua criança se adaptará melhor. Para tornar essa escolha menos desgastante, busque a orientação da equipe pedagógica da escola de seu interesse. A proximidade entre a família e a escola é fundamental na hora de decidir sobre um dos métodos que falaremos a seguir.
Quais são os diferentes tipos de escola existentes no Brasil?
No Brasil há uma gama de perspectivas pedagógicas e de diferentes tipos de escola. Em termos gerais, há duas redes escolares: a pública e a privada. A primeira abrange o ambiente municipal, o estadual e o federal, como os IFs (Institutos Federais) ou os CEFETs (Centro Federal de Educação Tecnológica). No interior das escolas públicas, há também as escolas das Forças Armadas, como a instituição Agulhas Negras e o Colégio Tiradentes, no caso de Minas Gerais.
Já na rede privada de ensino, o número de diferentes tipos de escola e métodos é maior, pois uma rede de ensino ou mesmo um colégio particular menor tem maior autonomia financeira e pedagógica. Tem, portanto, maior autonomia nas diretrizes e planejamentos educacionais. Isso ocorre porque o setor privado não está diretamente associado ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) e ao Governo Federal.
Dito isso, é importante analisar alguns pontos sobre as duas redes de ensino e dos diferentes tipos de escolas no que diz respeito à metodologia pedagógica de ensino. Pode-se dizer, a grosso modo, que na rede pública os métodos empregados em sala de aula dependem de cada professor, embora haja a coordenação pedagógica para norteá-los sobre o planejamento de aula.
As escolas privadas, por sua vez, sustentam uma centralidade pedagógica, a qual é a base da proposta de ensino oferecida por cada instituição. Por exemplo, o ensino bilíngue envolve um projeto que ao longo da formação da criança ela se tornará apta a falar um segundo idioma com fluência e naturalidade. Desse modo, as aulas, os livros e as conversas com os professores acontecem em língua estrangeira desde a primeira infância até a adolescência.
Entre outras metodologias pedagógicas, encontramos também a escola tradicional, a comportamentalista, a construtivista, a montessoriana, a waldorfiniana, a freiriana e a democrática. Embora existam semelhanças entre essas perspectivas, o processo e a trajetória vividas por uma criança são específicos em cada uma delas. Continue conosco e confira abaixo mais detalhes sobre os diferentes tipos de escolas.
A escola tradicional
Muitas vezes ao falarmos sobre a História da Educação e sobre o aprendizado escolar, é comum nos depararmos com uma retrospectiva à Grécia antiga. No entanto, as raízes da escola tradicional no Brasil são bem mais recentes e remontam ao século XVIII e à Revolução Industrial europeia, mais especificamente na Inglaterra e, em seguida, na França e na Alemanha.
Seja na rede pública ou na rede privada, ainda encontramos escolas nas quais a sala de aula é composta por uma lousa, por uma mesa e uma cadeira para o professor, dispostas no centro da sala e, por último, as cadeiras e mesas dos alunos em fileiras obedientes e disciplinadas diante do professor.
Embora pareça óbvio, essa organização da sala de aula foi elaborada em um contexto no qual o ensino tinha como fundamento o preparo da mão de obra fabril, envolvendo mormente a penalização corporal. Os alunos deveriam ser obedientes, disciplinados e saberem se comportar no seio de uma hierarquia composta por superiores e subordinados.
O método pedagógico nesse período, consistia, portanto, em instruir com base em conteúdos rudimentares, rigorosamente testados a cada tema finalizado. O estudante, portanto, deveria apenas receber certas capacidades e em seguida provar que foi capaz de entendê-las.
A comportamentalista
O método comportamentalista, por sua vez, enquadra-se em um dos primeiros desenvolvimentos da Psicologia da Educação durante o século XIX e início do XX. Tem como matriz as teorias behavioristas, as quais a partir das ciências naturais — como eram chamadas na época as ciências biológicas — aplicavam o método científico em sala de aula. Desse modo, a observação, a experimentação e a síntese eram importantes instrumentos no processo educacional do sujeito em aprendizado.
O behaviorismo, como foi intitulado, ficou conhecido por aplicar sistemas de recompensas como método de ensino. Isto é, quando ações positivas eram realizadas pela turma ou por um aluno, um prêmio era concedido ao estudante ou ao filho. No entanto, se um comportamento negativo fosse observado, aplicava-se uma prenda no lugar da recompensa. O objetivo era, ao longo do tempo, induzir que o sujeito do aprendizado passasse a agir de uma maneira específica, pois estaria sempre na expectativa de conseguir a recompensa ou evitar a prenda.
Um excelente filme que aborda esse tema é o clássico longa-metragem Laranja Mecânica (1971), dirigido por Stanley Kubrick. Nesse longa, o protagonista, o adolescente Alex, tem prazer e encanto pela violência, seja ela qual for. Após cometer uma série de crimes, é finalmente preso e, em seguida, submetido a um método científico que supostamente o curaria.
O método consistia em deixar como trilha sonora a música preferida de Alex, a nona sinfonia de Beethoven, enquanto o jovem era obrigado a assistir por horas sem-fim a cenas de violência. Feito isso, toda vez que Alex pensava em cometer um ato violento ou escutava a nona de Beethoven, ele era acometido por um mal-estar profundo. Como não trabalhamos com spoiler, o final resta você conferir.
A construtivista
O método pedagógico construtivista foi desenvolvido, principalmente, pelo biólogo suíço Jean Piaget durante o século XX. Ao lado de seu nome, aparece também o do psicólogo russo Lev Vygotsky. Ambos passaram boa parte de suas vidas pesquisando e estudando o comportamento das crianças e a dimensão do papel dos pais na educação dos filhos.
Diversas escolas e cursos de pedagogia no Brasil têm como aporte norteador o construtivismo. Ele valoriza o estudante como o protagonista do próprio desenvolvimento e, sobretudo, do processo de construção do saber. Portanto, as salas de aula abandonam a antiga estrutura de filas em frente ao professor e passam a ser organizadas em círculos.
Embora a adaptação escolar seja difícil para os pais e, principalmente, para a criança, o construtivismo talvez seja o método cujos recursos são os mais capazes e os mais sutis ao longo desse momento. Ao trazer a criança para o centro do aprendizado ele faz com que o ambiente escolar deixe de ser um território desconhecido e hostil, e passe a ser um lugar de curiosidade, de encontro de si e do outro.
A montessoriana
Maria Montessori foi uma educadora e médica italiana da passagem do século XIX para o XX. Uma de suas contribuições foi a teorização de uma pedagogia própria com base no estímulo físico e mental das crianças, com vistas sempre para o desenvolvimento humano e na preparação para a vida.
Como outros pedagogos e educadores, Montessori reconhecia na educação não uma atividade de transmissão direta e simples de conteúdos e informações, mas um espaço aberto para o exercício da liberdade, da individualidade e descoberta do mundo e da vida.
A waldorfiniana
A pedagogia Waldorf foi desenvolvida pelo intelectual austríaco, Rudolf Steiner, entre o século XIX e XX. No Brasil, há a FEWB (Federação das Escolas Waldorf no Brasil), três das escolas que formam a federação estão em Belo Horizonte.
O objetivo de Steiner ao desenvolver o método era tornar as crianças livres e autônomas. Esse ponto é, de certa forma, semelhante a algumas das metodologias apresentadas até agora. No entanto, há certas diferenças, como, por exemplo, a faixa etária da turma.
Nas escolas Waldorf, os colegas de sala não são necessariamente da mesma idade e são acompanhados pelo mesmo professor dos sete aos catorze anos. Isso ocorre pelo fato do comprometimento ser outro além do vestibular ou do diploma. A expectativa é que no lugar de absorver conhecimentos frios e engessados, os estudantes possam desenvolver suas capacidades socioafetivas, intelectuais, motoras e artísticas.
Dessa maneira, não há provas tradicionais como de costume. A avaliação atenta para as habilidades em ofícios e atividades distintas, envolvendo trabalhos manuais e lógicos. A pedagogia Waldorf permite, portanto, que os pais possam de fato escolher uma escola, pois as atividades lecionadas lá vão da jardinagem à astronomia, da marcenaria à ginástica, do teatro ao crochê, da pintura à meteorologia.
A democrática
A escola democrática pode ser definida por sua característica fundamental: a horizontalidade. Isto é, a hierarquia entre a direção, o corpo docente e os estudantes, indispensáveis a métodos tradicionais, não faz parte da estrutura dessa escola. O propósito é assegurar que o estudante tenha o espaço necessário para descobrir suas capacidades e desenvolvê-las de forma autônoma.
Há dois exemplos clássicos de plano pedagógico horizontal e democrático: um deles foi elaborado em 1920 pela escola britânica Summerhill. O segundo caso é o da renomada Escola Básica da Ponte ou apenas Escola da Ponte, como é mais conhecida. Ela foi criada em 1970 em Portugal com o objetivo de construir uma educação que promova a autonomia e a consciência cívica dos alunos.
A Escola da Ponte, após certa resistência das autoridades, passou a ser um exemplo de escola democrática. Um dos motivos é o emprego de recursos pedagógicos como a assembleia de alunos. Como os estudantes são compreendidos como parte ativa da escola, eles são estimulados a se reunirem para discutir questões caras à rotina e ao bem comum do ambiente escolar.
A freiriana
Derivada do arcabouço intelectual intitulado Teologia da Libertação, a metodologia pedagógica de Paulo Freire visava, digamos, o despertar da criança e do jovem para o mundo por meio do saber.
O intelectual brasileiro e Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, dedicou a sua vida a compreender os desafios estruturais da educação no Brasil. Claro, um dos obstáculos inegáveis era e é a desigualdade social. Mas, além disso, Freire demonstrou como o pensamento educacional no país consistia na ordem e na disciplina no âmbito escolar, quando deveria atentar à capacidade e à realidade de cada criança e jovem brasileiros.
A pedagogia freiriana, portanto, compreende o ambiente escolar como um lugar no qual a individualidade de cada criança deve ser estimulada. No entanto, isso deve acontecer com os olhos voltados para os contextos sociais, familiares e políticos de cada uma delas vive. A escola, então, transforma-se em um ambiente plural, inclusivo e diverso. Para tanto ela deve estar igualmente disponível a pensar e repensar o mundo, a vida e a sociedade.
Então, o que considerar para escolher a escola ideal para o futuro do meu filho?
A primeira coisa a se considerar antes de escolher uma escola é o comportamento do seu filho. Logo, não escolha uma escola a partir daquilo que você deseja para ele, mas em função dos sinais que ao longo do desenvolvimento ele apresentou. Isso exige atenção e observação cuidadosas. Porém, hoje, o trabalho e a carreira profissional não esperam, não é mesmo?
Nós sabemos. Por isso, procure sempre conversar com quem passa parte do dia com seu filho, com a pedagoga da creche ou da escola de educação infantil e pergunte sobre seu desenvolvimento, sua socialização e quais dificuldades foram apresentadas. Dessa forma, será mais fácil se orientar sobre os passos a dar ao longo da trajetória educacional de seu filho e, por consequência, também será mais confortável escolher qual o melhor entre os diferentes tipos de escola e qual a metodologia pedagógica mais adequada.
Descobriu como escolher entre os diferentes tipos de escolas? Deixe seu comentário e compartilhe conosco, e com outros pais, as suas impressões.
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