Qual o papel dos pais e da escola na educação infantil? Saiba como passar por este processo!

18 de novembro de 2020

Redação Guia do Futuro
Equipe apaixonada por educação, produzindo conteúdos voltados para pais que querem fazer a diferença na formação dos filhos!Publicado em . | Atualizado em 18 de novembro de 2020.
“Educar não é fácil.” De fato, não é; e procurar facilitar esse processo pode ser trágico e desastroso para os pais, para os professores e, sobretudo, para as crianças. Portanto, é importante ter alguns critérios como norte na hora de mergulhar nessa aventura que é a educação infantil.
A educação infantil e o educar de forma geral consistem no ensino e aquisição de valores familiares e sociais, de habilidades, de capacidades físicas, afetivas, intelectuais e, principalmente, na adaptação e socialização dos sujeitos. A despeito das diferenças, é fundamental considerar a educação primária ou familiar e a educação secundária ou formal como complementares.
Para esclarecer esses e outros desafios ao longo da educação das crianças, continue conosco. É só seguir em frente!
O lar e a escola
Antes de prosseguirmos é importante que definamos alguns termos: a educação familiar e a educação formal.
A educação familiar ou primária é distinta da educação escolar ou formal. Ela é responsável pela primeira socialização do ser humano, assim como pela educação. A família traz consigo valores e regras próprias, seja em relação ao espaço, seja em relação ao comportamento. Dessa maneira, trata-se de um convívio comum ao espaço privado e íntimo do núcleo familiar. Porém, essas normas e perspectivas diante do mundo e do outro podem se confundir e gerar conflitos nos demais lugares sociais.
Por outro lado, a educação formal ou secundária ocorre no ambiente escolar. A educação infantil (entre 0 e 5 anos), em específico, é importante por propiciar à criança um ambiente de coletividade rica em uma horizontalidade nutrida pelas demais crianças. Ao contrário da educação familiar, ela faz parte da esfera pública e traz, por isso, valores e normas voltados para o convívio social.
Assim, ambas apresentam características distintas entre si, embora não sejam excludentes. No ambiente domiciliar, por exemplo, as relações são assimétricas, pois os pais detêm uma autoridade perene sobre os filhos. Haja visto que eles sempre serão pais e filhos.
Já no espaço escolar, a situação é outra. Como parte da dimensão pública da sociedade, a educação formal das crianças é estruturada a partir de como age e de como se expressa o sujeito. Na esfera pública, não há nem a intimidade nem a estabilidade do ambiente familiar, portanto os valores são fundados no diálogo, no debate, no respeito das diferenças e do outro.
Qual é o papel dos pais na educação infantil?
“Filhos… Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos, como sabê-los?” É assim que o poeta Vinícius de Moraes inicia o poema, “Poema Enjoadinho”, sobre as dificuldades e indecisões diante de um filho. Entretanto, o maior desafio imposto pelos filhos aos pais não aparece nos versos do “poetinha camarada”: o educar.
Sim, os pais educam. No entanto, há distinções entre a educação familiar, primária, e a educação escolar, secundária e formal, como dito acima. Contudo, isso não significa que a segunda opção tenha como único papel e objetivo a transferência de conteúdos técnicos ou acadêmicos.
Ao passo que os valores familiares não necessariamente coincidem com os valores sociais, isto é, as regras e virtudes difundidas e nutridas pela coletividade social. Dessa forma, cabe à escola desde a educação infantil promover um espaço no qual essas diferenças possam ser avaliadas e discutidas ao longo de um processo didático e educativo.
Enquanto isso, é de extrema importância que os pais fomentem a curiosidade e a capacidade imaginativa dos filhos. Para tanto, o lar familiar deve trazer um espaço para o diálogo, para a brincadeira e para a invenção.
Rousseau em “O Emílio ou Da Educação” dizia: “Às crianças, as coisas!”. Já no século XVIII o filósofo francês alertava sobre os perigos da perda de autonomia na infância em virtude dos cuidados excessivos dos pais. Quatro séculos mais tarde, observamos pais que confundem o acolhimento com a superproteção. Isso tem contribuído para a formação de jovens e adultos que não conseguem lidar com a frustração, pois durante parte crucial do desenvolvimento não foram confrontados com a existência inevitável das frustrações e limites ao longo da vida. Portanto, educar é também dizer não.
Por isso não se esqueça: a falta é a origem do desejo! Se o filho tiver tudo nas mãos o tempo todo, o que afinal de contas ele desejará? É crucial permitir que haja esse espaço da procura, da instigação e da curiosidade.
É necessário que a criança aprenda noções de limite, incertezas e que o “não” faz parte do convívio social e da existência humana.
Porém, ensinar que “tudo tem hora certa” não significa bater. A violência só contribui para a resignação e o respeito com base no medo, o que leva à formação de um sujeito inseguro, carente de autonomia e reconhecimento.
Mães e pais, a escola é a sua melhor e mais importante aliada!
Com a correria do dia a dia, é comum encontrarmos pais que enxergam a escola apenas como um local onde deixar os filhos durante a jornada de trabalho.
A partir daí, não comparecem às atividades propostas, aos eventos organizados ou sequer procuram os professores e a equipe pedagógica para discutir os desafios, os avanços ou os planos psicopedagógicos de seus filhos. Nesse cenário, escola e lar domiciliar se transformam em dois territórios isolados e estranhos um ao outro, justamente o que não deveria acontecer.
Esse erro é comum e você não deve cometê-lo! A escola não é apenas um local de transferência de estudos formais e tecnicistas às crianças e aos jovens. Ela é também um local de suporte e acolhimento para os pais durante a aventura e o desafio que é educar.
Para evitar isso, é indispensável acompanhar a trajetória escolar, assim como comparecer e marcar reuniões com os professores juntos da diretoria da escola. Sempre que for necessário ou notar alguma diferença ou transformação no comportamento de seu filho, procure pelos docentes e profissionais pedagógicos e troque figurinhas com eles.
Aliás, o mesmo vale para os professores. Esses devem ser observadores quanto às distintas realidades das crianças e encontrar nos pais parceiros dessa empreitada que é educar um ser humano para a vida em sociedade.
O reconhecimento como didática na educação infantil
Entretanto, é importante que tanto no ambiente escolar quanto no espaço familiar professores e pais saibam assumir e lidar com as próprias incapacidades diante dos desafios trazidos pelos alunos e filhos. Ao cabo, reconhecer os próprios limites e incapacidades é uma forma de demonstrar à criança um importante valor subjetivo e social: nenhum ser humano é autossuficiente.
Outra dimensão imprescindível de nossa formação como sujeitos, é o aprendizado do convívio com o outro e com a diferença. Nesse sentido, a escola é responsável por promover esse lugar de trocas e de um conhecimento subjetivo do “eu” em relação ao diferente por meio do “outro”.
Porém, isso pode ser reforçado pelos pais a partir do diálogo constante e interessado no ambiente familiar. Pois decisões que para nós parecem fáceis ou óbvias para uma criança pode ser um elemento enriquecedor de aprendizado e desafio.
Portanto, educar demanda a sutileza de deixar voar, assim como os pássaros. Os filhotes aprendem a bater as asas sozinhos, mas a partir do exemplo e não da ajuda imediata dos pais. A autonomia, acompanhada do sim e do não, é fundamental à subjetividade e ao desenvolvimento criativo e corporal do indivíduo em formação. Pois isso terá consequências importantes nos aprendizados vindouros da criança. Cabe aos pais, acompanhados dos profissionais da educação infantil, não apenas permitir ou negar, mas, incentivar a criança a explorar essas capacidades.
“Porém, que coisa, que coisa louca, que coisa linda que os filhos são!”, assim concluía o poeta ao declamar seu amor aos filhos. Se você, pai ou mãe, viveu essas experiências ou está se preparando para mergulhar nesse oceano, compartilhe e ajude outros pais ao longo desse caminho.
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