
Redação Guia do Futuro
Equipe apaixonada por educação, produzindo conteúdos voltados para pais que querem fazer a diferença na formação dos filhos!Publicado em . | Atualizado em 18 de novembro de 2021.
Conheça 10 maneiras de contribuir para uma infância sem preconceito
Nosso país é reconhecido em todo mundo pelo seu povo miscigenado. Ainda que 53% dos brasileiros sejam negros, o racismo estrutural continua muito presente em nossa sociedade. O período escravocrata deixou como herança o pensamento de que os povos escravizados eram inferiores aos brancos, tanto fisicamente quanto intelectual e culturalmente.
Abordar o tema com os pequenos pode parecer sem sentido porque acreditamos que eles sejam incapazes de praticar atos discriminatórios. Além disso, alguns responsáveis temem que uma conversa sobre racismo possa gerar um efeito contrário na forma de perceber as raças. A verdade é que nunca é cedo demais para desconstruir o racismo já que, desde os primeiros anos de vida, seu filho irá conviver com pessoas de origens diferentes.
No mês da Consciência Negra, aproveitamos para falarmos do impacto negativo que o preconceito pode gerar no desenvolvimento de uma criança e quais atitudes devemos adotar para uma infância sem racismo. Siga conosco e boa leitura!
Impacto do racismo na infância
O processo de identificar padrões e valores sociais se inicia quando ainda somos bem novos. Significa que crianças são capazes de perceber a diferença na maneira como as pessoas são tratadas por causa da cor, seja na concepção do que é belo, seja ao perceber o predomínio de características físicas em determinadas profissões. É a partir dessas percepções que passam a atribuir “regras” para explicar tais padrões.
Também é na infância que começamos a desenvolver nossa capacidade de acreditar que temos potencial e somos relevantes no mundo. A criança que é vítima de racismo tem sua autoestima fortemente abalada ao ser afetada pelos estereótipos, sejam características físicas ou sociais.
Segundo um estudo realizado Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard, a vivência cotidiana do racismo estrutural, de suas formas mais escancaradas às mais sutis, prejudica o aprendizado, a saúde física e mental de crianças e adolescentes.
O preconceito exacerbado também resulta em bullying, infelizmente uma prática muito comum entre os mais jovens. Ele é caracterizado pelo comportamento violento no qual a vítima passa por humilhações que deixarão sequelas por um longo período de sua vida.
Leia nosso artigo e saiba como os responsáveis podem identificar e ajudar as crianças a lidar com esse problema.
Existe idade certa para falar sobre racismo?
Quanto mais cedo pais e mães começarem a conversar com seus filhos, melhor. Para alguns responsáveis, a barreira está em como tornar a conversa compreensível para os mais novos, porém a maneira como as crianças entendem o mundo evolui à medida que crescem e a linguagem a ser usada também deverá acompanhar essa evolução.
Crianças menores de 5 anos
A tonalidade da pele, especialmente dos seus cuidadores, já é perceptível aos olhos de um bebê de 6 meses. A partir dos 2 anos, essa referência da cor construída desde a primeira infância, começa a influenciar na seleção dos coleguinhas. Infelizmente, ainda é comum vermos relatos sobre crianças rejeitadas por um grupo ao tentarem participar de uma brincadeira e o motivo costuma ser o estranhamento da diferença racial.
Alguns estudos demonstraram que, aos 5 anos de idade, as crianças são capazes de apresentar sinais de viés racial, expressando muitas das mesmas atitudes preconceituosas manifestadas pelos adultos de seu convívio. Por estarem imersas em um racismo estrutural, elas passam a receber informações sobre a posição social que algumas pessoas estariam “destinadas” de acordo com a cor da sua pele e com isso começam a associar alguns grupos com status mais alto que outros.
Apesar de já conseguir perceber e apontar diferenças nas pessoas ao seu redor, o pequeno ainda não consegue compreender claramente o significado das expressões preconceituosas. Para desconstruir o racismo desde a infância, é essencial dialogar sobre
a diversidade de raças e principalmente o que nós temos em comum uns com os outros.
Crianças de 6 a 11 anos
As crianças dessa faixa etária costumam expressar melhor sobre seus sentimentos, tornando-se um bom momento para conversas explícitas sobre amizade interracial. Também é quando mostram mais dificuldade em processar as informações que recebem a todo momento. O primeiro passo é entender o que seu filho já sabe, demonstrando interesse pelos seus gostos, que tipo de conteúdo ele consome nas redes sociais e quem são seus amigos. Com isso em mente, é possível ter discussões mais abertas sobre o assunto, expondo as principais dúvidas e preocupações.
10 maneiras de contribuir para uma infância sem racismo
No começo da pandemia, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) reativou a campanha “Por uma infância sem racismo” em suas mídias sociais. Baseada na ideia de ação em rede, a iniciativa reúne 10 ações ou comportamentos que cada pessoa pode adotar para assegurar o respeito e a igualdade racial desde os primeiros anos de vida.
Confira abaixo as orientações da UNICEF:
1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.
2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer – contextualize e sensibilize!
3. Não classifique o outro pela cor da pele; o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.
4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.
5. Denuncie! Em todos os casos de discriminação, busque defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.
6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.
7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnica e racial.
8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.
9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.
10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra; e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.
Como disse o grande líder africano Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando o outro pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
Conversar sobre os malefícios do racismo, ou de qualquer outro preconceito, faz parte do processo educacional. A família é peça fundamental na formação da criança no que diz respeito à sua vivência em sociedade. Abolir a prática discriminatória na infância é uma forma de assegurar que seu filho se transforme em um adulto que trata a todos com dignidade e respeito.
Call to Action
Detalhe do Call To Action para Download do Material