TDAH na infância: o que é, sintomas e tratamento

Família e Escola

28 de setembro de 2021

Redação Guia do Futuro
Redação Guia do Futuro

Equipe apaixonada por educação, produzindo conteúdos voltados para pais que querem fazer a diferença na formação dos filhos!Publicado em . | Atualizado em 28 de setembro de 2021.


Aprenda como identificar e quando procurar ajuda médica.

Nos últimos anos, temos visto algumas controvérsias sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que acabam despertando muitas preocupações e dúvidas sobre o assunto.

Ainda há questionamentos sobre suas causas, se sofre ou não influência do meio, críticas de que há excesso de diagnóstico e dúvidas sobre a eficácia de alguns medicamentos. Apesar de tantos debates, todos concordam em um ponto: o TDAH existe, sendo reconhecido pela Organização Mundial de Saúde e é preciso acabar com o preconceito em torno do tema.

Para facilitar a compreensão dos pais e responsáveis, separamos os principais pontos destacados pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).

Vale ressaltar que a apresentação dos sintomas serve como um alerta, devendo ser diagnosticado por profissional especializado.

Diferença entre transtorno e doença

Antes de apresentar a definição de TDAH, é importante deixar clara a diferença entre doença e transtorno.

Segundo a OMS, doença é a ausência de saúde, a partir de alterações do estado de equilíbrio da pessoa em relação ao meio. Suas causas são reconhecidas, apresenta sintomas específicos e que provocam mudanças no organismo.

Já o transtorno, não é possível identificar uma única causa e pode ser resultado de déficits biológicos ou psicológicos, nem sempre associado a uma doença. Portanto seu diagnóstico é feito através da contextualização dos sintomas baseada na história clínica e de relatos de familiares.

Na maioria dos casos, o transtorno tem relação com alterações mentais, podendo impactar a vida pessoal, familiar, social e profissional de uma pessoa. Não existe cura, mas sim a procura por um tratamento que venha ajudar o indivíduo a lidar com essa desordem, buscando uma maior estabilidade e qualidade de vida.

O que é TDAH?

De acordo com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e pode, em até 50% dos casos, acompanhar a pessoa por toda sua vida. Também pode ser visto em algumas fontes com o nome de DDA – Distúrbio do Déficit de Atenção.

As principais características do TDAH são:

  • dificuldade de se manter concentrado numa tarefa;
  • uma agitação constante que tende a melhorar com a idade;
  • impulsividade, que é a tendência a agir antes de pensar.

Afeta cerca de 5% das crianças entre 6 e 12 anos, tendo os meninos como maioria no volume de diagnosticados. Essa disparidade pode ser explicada pelo fato dos meninos apresentarem mais sintomas de hiperatividade, tornando o prejuízo no rendimento escolar e em casa mais visível, levando os pais a procurarem atendimento clínico.

Já no caso das meninas, o mais comum é o sintoma de desatenção. Por não ser tão evidente quanto a hiperatividade, acaba por incomodar menos quem está ao seu redor e, na maioria das vezes, sendo considerado apenas um traço da personalidade da criança.

Antes de soar o alarme se seu filho tem ou não TDAH, é preciso conhecer os demais sintomas e assim entender quando é hora de buscar ajuda.

18 Sintomas para prestar atenção

O documento referência para os profissionais que tratam o TDAH é o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais ( DSM-5), onde são apresentados 18 sintomas divididos em 3 tipos: desatenção, hiperatividade e combinado.

Confira quais são os sintomas listados no manual:

  1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas;                          
  2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer;         
  3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele;               
  4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações;
  5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;                                 
  6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado;                         
  7. Perde coisas necessárias para atividades (como brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros);              
  8. Distrai-se com estímulos externos;                         
  9. É esquecido em atividades do dia-a-dia;                            
  10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;                          
  11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado;
  12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado;                     
  13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma;
  14. Não consegue ficar parado ou freqüentemente está a “mil por hora”;             
  15. Fala em excesso;                             
  16. Responde às perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas;
  17. Tem dificuldade de esperar sua vez;           
  18. Interrompe os outros ou se intromete (por exemplo: intromete-se nas conversas, jogos, etc.).

Os últimos estudos apontam que 66% das crianças apresentam TDAH combinado (quando manifesta mais de um tipo), 26% de desatenção e 8% de hiperatividade. Uma pessoa com predominância dos sintomas de desatenção, tem maiores chances de desenvolver depressão, enquanto um portador do tipo combinado pode apresentar outros transtornos de conduta ou humor.

Identificar os sintomas ainda não é suficiente. É preciso observar com qual frequência eles se manifestam, se causam problemas por no mínimo seis meses em dois contextos diferentes (casa e escola, por exemplo) e se trazem prejuízos à vida pessoal e familiar da criança.

Desatenção e hiperatividade não são exclusivos de TDAH

A psicóloga Iane Kestelman, presidente da ABDA, traz uma comparação com a diabetes.

Ela diz que todos nós temos açúcar no sangue, uns com mais e outros com menos; porém somente uma parcela tem diabetes. No caso do TDAH, todos nós teremos sintomas de hiperatividade e de déficit de atenção, mas em algumas pessoas há uma combinação e intensidade de sintomas que atrapalha seu desenvolvimento no dia a dia.

“É normal que toda criança seja um pouco desatenta, agitada e impulsiva. Mas as que têm o transtorno demonstram essas características num grau de intensidade infinitamente superior em comparação com as demais”, explica Iane.

Por ser um comportamento mais perceptível, a hiperatividade costuma gerar maior preocupação para pais e responsáveis. Seus sintomas podem variar entre leves e graves, com maior ou menor agitação e apresentar dificuldade de autorregulação.

Outros traços frequentes de um hiperativo são a dificuldade com o autocontrole e seus movimentos físicos tendem a ser mais excessivos que de outras crianças. Geralmente, a impulsividade acontece ao mesmo tempo que a hiperatividade.

É importante considerar outras causas possíveis como as características da personalidade da própria criança, alterações metabólicas e hormonais ou até mesmo crises familiares capazes de desencadear uma hiperatividade reativa

Cabe ao profissional avaliar a intensidade dos sintomas e como essas manifestações estão afetando o cotidiano da criança.

Diagnóstico multidisciplinar 

É natural na infância vermos traços de impulsividade, distração, agitação ou até mesmo introspecção. Como já destacamos, o que direciona um diagnóstico de TDAH é o prejuízo social ou escolar gerado por uma combinação de sintomas.

Crianças e adolescentes devem apresentar pelo menos seis sintomas específicos de desatenção e seis de hiperatividade ou impulsividade identificados por um profissional.

Uma das dificuldades em definir com precisão o quadro do paciente é a possibilidade de haver outros transtornos envolvidos como ansiedade, depressão, bipolaridade e até o autismo ou a dislexia. Não há um exame específico para detecção, apesar do uso de ressonância para o estudo anatômico do cérebro de um indivíduo portador de TDAH.

O diagnóstico é feito de forma multidisciplinar, onde a criança pode receber atendimento de diversos profissionais: neuropsicólogo, neurologista, fonoaudiólogo, psiquiatra e psicólogo. Sempre considerando as necessidades específicas do seu quadro clínico.

Tratamento que vai além dos medicamentos

O passo seguinte é a estruturação do tratamento do TDAH através de propostas terapêuticas que tragam alívio dos sintomas. Compreende uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, podendo incluir o uso de terapias cognitivas e/ou terapias ocupacionais.

Medicamentos: apesar de algumas críticas de haver abuso na prescrição de medicamentos em alguns casos, seu uso continua sendo indispensável em virtude das alterações biológicas provocadas no cérebro de um portador de TDAH.

Terapia Cognitivo Comportamental: costuma ser indicada em casos mais leves e para crianças menores de 6 anos. Tem se mostrado uma abordagem muito eficaz quando há presença de ansiedade ou depressão.

Fonoaudiólogo: seu papel é auxiliar na aprimoração das habilidades de comunicação oral, já que algumas crianças com TDAH também podem apresentar um quadro de dislexia.

Terapia ocupacional: faz uso de atividades recreativas a fim de estimular crianças a criar e recriar, interagir e desenvolver aspectos da sua personalidade através de habilidades artísticas e corporais. A parceria entre família e escola é fundamental para que essas atividades promovam uma evolução significativa no tratamento.

O TDAH não se manifesta apenas na infância, por isso quanto antes começar o tratamento, menores serão os prejuízos nos relacionamentos pessoais e no desempenho profissional durante a adolescência e a vida adulta.

Lembre-se de que o diagnóstico só pode ser realizado por um médico especialista, portanto ao perceber os sintomas por pelo menos seis meses, procure ajuda profissional.

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