Redação Guia do Futuro
Equipe apaixonada por educação, produzindo conteúdos voltados para pais que querem fazer a diferença na formação dos filhos!Publicado em . | Atualizado em 16 de setembro de 2021.
No centenário do seu nascimento, vamos relembrar a vida e contribuições do Patrono da Educação Brasileira.
Educar uma criança não é tarefa simples. Na verdade, é tão desafiador que muitas pessoas dedicaram suas vidas pesquisando quais são as maneiras mais eficientes de transmitir conhecimentos e valores.
Saber mais sobre o pensamento de grandes nomes da pedagogia mundial é uma forma de entender como podemos atuar melhor na educação dos nossos filhos. Esse conhecimento pode ajudar pais e responsáveis a potencializar a relação entre o que os pequenos aprendem em casa e na escola.
Em um artigo anterior do Guia do Futuro, apresentamos a história e os principais ensinamentos de Maria Montessori, criadora de um método inovador com materiais didáticos que são utilizados atualmente em muitas escolas do mundo inteiro.
Agora convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a visão do educador Paulo Freire. Um pensador que nasceu cem anos atrás e cujas ideias inspiram gerações de professores dentro e fora do Brasil até hoje.
A história começa em Recife
Nascido em setembro de 1921, na cidade de Recife, Paulo Freire foi um educador e filósofo. Por seu trabalho, é reconhecido como um dos pensadores mais citados na história da pedagogia mundial, recebendo o título de Patrono da Educação Brasileira.
Apesar da sua família fazer parte da classe média, Paulo Freire conheceu o sofrimento da pobreza e a fome na infância por conta da crise mundial de 1929. Essa experiência marcante se manifestou em sua carreira, onde sempre se mostrou preocupado com os mais vulneráveis.
Em 1943, Freire ingressou na Universidade do Recife para cursar a Faculdade de Direito, mas também estudou filosofia da linguagem. A vocação do educador se torna mais evidente quando ele escolhe trabalhar como professor, lecionando língua portuguesa, numa escola de segundo grau.
Por seu empenho em ensinar os mais pobres e menos favorecidos, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, principalmente na América Latina e na África. Seu talento como escritor também conquistou um grande público de pensadores da educação.
Na sua visão, o objetivo maior do professor é conscientizar os alunos. Isso significa mostrar que existem situações de opressão e a possibilidade de agir em favor da própria libertação.
O principal livro de Freire se chama Pedagogia do Oprimido e apresenta os conceitos que norteiam a maior parte do conjunto de sua obra.
Aprender é um diálogo
Paulo Freire imaginou uma educação onde professores e alunos dialogavam e o aprendizado se fazia com base nas necessidades diárias reais. Isso reforça um princípio fundamental: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor.
Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro. Por isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. Toda a educação proposta passa pelo diálogo e pela troca sem hierarquias: professor e aluno são vistos como iguais.
Nessa lógica, tudo está em permanente transformação e interação. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa: “o mundo não é, o mundo está sendo”.
O filósofo pernambucano era um dos maiores críticos daquilo que chamou de “educação bancária”, que via o professor como o dono do conhecimento e o aluno como mero recebedor da sabedoria do mestre. Para realmente ensinar, é preciso conhecer a experiência do estudante e saber de onde ele parte. Dessa forma, levando em conta seus conhecimentos prévios, o professor se torna capaz de cativá-lo e apresentar uma série de mudanças práticas no cotidiano.
Revolução na alfabetização de adultos
A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em apenas 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização.
Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos. Elas devem representar situações de vida comuns e importantes para os estudantes que se pretende cativar. Um exemplo é usar a palavra “tijolo” para ensinar operários da construção civil.
O educador reforçava a importância de não usar um método único, com material didático pronto e fechado, mas sim aprender a partir do universo de cada grupo de analfabetos. O ensino, dessa forma, começa sempre indo de encontro às necessidades reais das pessoas.
Legado de reflexão sobre a sociedade
Paulo Freire enxergava a necessidade de formar o ser humano não só em termos educativos, mas também éticos. Isso significa estimular cada aluno a fazer sua reflexão crítica da sociedade.
Uma das frases mais famosas do educador, ajuda a entender a importância do seu legado. “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.”
Entre publicações em vida, edições póstumas, cartas, entrevistas, ensaios e artigos, sua obra soma quase 40 livros publicados. Em 1991 foi fundado o Instituto Paulo Freire, que mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar atividades relacionadas com temas da educação brasileira e mundial.
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